Série – A Nossa Unidade: Sobre a unidade (reflexões muito subjetivas)

Thomas Martinovich – Hungria

“Não vos preocupeis – não podeis cair do Universo!” (um sábio anónimo)

O ensinamento central da Teosofia (moderna) é o de que o mundo inteiro – incluindo nós próprios, como parte dele – é uno: uma completa unidade, sem partes separadas. Contudo, experienciá-lo como uma realidade é bastante difícil. Porquê?

A nossa linguagem é um bom espelho que reflete o nosso modo de pensar: “eu e os outros”, “eu e o mundo”, “eu e Deus” – ou “as minhas coisas e as dos outros”, ou seja, a separação que existe entre nós e o resto do mundo.

Série - A Nossa Unidade: A nossa Unidade Teosófica

Janet Lee - Reino Unido

“A culpa, caro Brutus, não é das nossas estrelas, mas de nós mesmos, que somos subordinados.” Júlio César (1.2, linhas 140-141)

A peça romana de Shakespeare trata da igualdade, equilíbrio político e fraternidade, bem como dos problemas profundos e conflitos que vêm à superfície quando alguns reclamam superioridade moral e efetiva sobre os outros e quando cada um alega ser uma perfeição e não ter falhas! Em contrapartida, HPB surge como uma mulher que se entendia a si própria muito bem, particularmente consciente das suas próprias falhas e fraquezas, pelo que à sua própria maneira era uma pessoa integrada e aí residia a sua força e a sua autoridade. Ela era única e autenticamente ela própria, e conhecia as suas próprias imperfeições. Em cima, como em baixo: fora, como dentro. Como teosofistas, não podemos esperar estar unidos entre nós, como uma fraternidade universal, se cada um de nós não puder encontrar a unidade interior dentro de si próprio.

A dor partilhada aproxima as pessoas

[Esta história é baseada em materiais fornecidos pela Associação de Ciência Psicológica; cliquem no seguinte link: http://www.psychologicalscience.org/.]

De acordo com as conclusões de novas investigações publicadas em Psychological Science, uma revista da Associação de Ciência Psicológica, aquilo que não nos mata torna-nos mais fortes enquanto grupo.

Passar juntos por experiências dolorosas pode mudar o comportamento de um grupo, promovendo os laços e a solidariedade

A investigação sugere que, apesar do seu caráter desagradável, a dor pode efetivamente ter consequências sociais positivas, funcionando como uma espécie de “cola social” que promove a coesão e a solidariedade dentro dos grupos.

Série A Nossa Unidade – UNIDADE e DIVERSIDADE, A Fraternidade e a Liberdade de Pensamento e a Evolução Espiritual

Roger Price – Bélgica

Embora toda a vida seja sempre uma Unidade, é através da manifestação e da experiência da individualidade, incluindo a aparente separação (ao menos durante algumas fases da evolução da Mónada) que o espectro completo da experiência evolutiva necessária é recolhido por cada Mónada para o TODO. Daí a necessidade de diversidade na humanidade no seio do Todo.

A Humanidade encontra-se num ponto singular no caminho evolutivo entre a experiência de separação e a de Unidade. Presentemente, e embora a nossa experiência predominante seja de separação, também temos a capacidade de experienciar algum grau de Unidade. A nossa experiência de separação dá lugar ao nosso sentido de ego ao nível pessoal mas os nossos esforços para entender, sentir e praticar a Fraternidade Universal ajudam-nos a experienciar a Unidade e a desabrochar a nossa individualidade espiritual. Reciprocamente, a influência da nossa individualidade espiritual na personalidade dá origem à compreensão e sentimento da Unidade expressa através da Fraternidade Universal, juntamente com o respeito para com a diversidade inerente essencial através da Liberdade de Pensamento. A completa aceitação e prática quer da Fraternidade Universal, que reflete a Unidade inerente, quer da Liberdade de Pensamento, que reflete a diversidade necessária inerente, são os princípios pelos quais a Humanidade pode avançar na jornada para entrar na Vida Interna e estimular o desabrochar da nossa espiritualidade individual de acordo com a lei da Evolução. Nos Collected Writings, XI P166, Segunda Carta à Convenção Americana:

 “A Teosofia é essencialmente não sectária, e trabalhar para ela ajuda na entrada para a Vida Interna. Mas ninguém pode entrar lá, exceto o próprio homem no mais alto e verdadeiro espírito de Fraternidade, e qualquer outra tentativa de entrar será fútil ou ficará paralisada no umbral.”
A Fraternidade Universal e o respeito pela Liberdade de Pensamento são princípios coexistentes para o acesso à Vida Interna e devem formar as qualidades aspiracionais básicas do trabalho teosófico que partilhamos.

Série A Nossa Unidade – Uma ponte melhor

James LeFevour – EUA

Sendo um jovem estudante de Teosofia, estive na minha primeira Conferência Internacional de Teosofia há apenas alguns anos. Lembro-me muito bem de uma conversa em particular que tive uma manhã, durante o pequeno-almoço, com outro jovem estudante. Ele era um estudante de Point Loma – Haia, e eu, sendo de Wheaton, seguia mais a linha da tradição de Adyar. Por assim dizer, desfrutámos das comparações entre as nossas notas e de falar das diferenças entre as tradições.

Série – A Nossa Unidade

Domen Kočevar – Eslovénia


“Levanta a cabeça, ó Lanu! Vês uma luz ou luzes inumeráveis por cima de ti, brilhando no céu negro da meia-noite?

“Eu percebo uma chama, ó Gurudeva! Vejo milhares de centelhas não destacadas, que nela brilham.

“Dizes bem. E agora observa em ti, e dentro de ti mesmo. Essa luz que arde no teu interior, porventura a sentes de alguma maneira diferente da luz que brilha em teus irmãos humanos?
“Não é de modo algum diferente, embora o prisioneiro continue seguro pelo Carma e as suas vestes externas enganem os ignorantes, induzindo-os a dizer: Tua Alma e Minha Alma.”, H. P. B., “A Doutrina Secreta”, Vol.I, p. 120

Recém-inspirado pela Conferência Internacional de Teosofia e pelo Centro Internacional de Teosofia de Naarden, tentarei pôr em palavras algumas reflexões sobre a Unidade. Dirigimos o nosso pensamento para o futuro, embora não muito distante, de 100 anos. O que seria da Teosofia, como estaria a unidade, o que seria da religião, existiria alguma…? Se formos sinceros no nosso modo de pensar e se nos concentrarmos com a mente calma, aberta e atenta e com poucas ideias preconcebidas (incluindo as teosóficas), podemos ter um vislumbre do Devachan na Terra.

A onda crescente da mudança

Boris de Zirkoff – EUA

A Living Philosophy For Humanity
Volume XXXVI
No. 4 (162) - Spring 1980


Foto original (1980) da capa da revista: Dia radioso de Inverno, perto de Davos, na Suíça

No meio da grande luta que está a ter lugar no mundo externo entre o bem e o mal, entre o apelo ao dever nobre em relação à humanidade e a atração pelo egoísmo e pela ganância, as ideias perenialistas da vida espiritual destacam-se numa glória maior quando são projetadas contra as nuvens sombrias do ódio, da violência e crueldade terríveis.

Não confundamos os sintomas vistos abundantemente em todos os lados. O enorme influxo de forças espirituais e intelectuais dinâmicas a partir da sua fonte imorredoura empurra as forças opositoras do materialismo para uma posição desesperada de último recurso, ao longo da linha do pensamento e empreendimento humanos. A onda crescente do pensamento espiritual arranca superstições humanas, agita os charcos da indiferença e traz à luz o que a escuridão esconde.